José de Saramago
Química e altre poesie
Química
Sublimemos, amor. Assim as flores
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.
Chimica
Sublime, amore. E così i fiori
nel giardino non sono morti se il profumo
nel cristallo dell'essenza si difende.
Affrontiamo le prove, gli ardori:
Non si spengono gli istinti senza il lume
Né il secreto aroma che si sparge.
Intimidade
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
Intimità
Nel cuore della miniera più segreta,
Nell'interno del frutto più distante,
Nella vibrazione della nota più discreta,
Nella conchiglia più capovolta e risonante,
Nello strato più denso del dipinto,
Nella vena che nel corpo più ci penetra,
Nella parola che dice più dolcezza,
Nella radice che più scende e più si nasconde,
Nel silenzio più profondo di questa pausa,
In cui la vita si fece perenne,
Cerco la tua mano, decifro la causa
Di volere e non credere, infine, intimità.
No Coração, Talvez
No coração, talvez, ou diga antes:
Uma ferida rasgada de navalha,
Por onde vai a vida, tão mal gasta.
Na total consciência nos retalha.
O desejar, o querer, o não bastar,
Enganada procura da razão
Que o acaso de sermos justifique,
Eis o que dói, talvez no coração.
Uma ferida rasgada de navalha,
Por onde vai a vida, tão mal gasta.
Na total consciência nos retalha.
O desejar, o querer, o não bastar,
Enganada procura da razão
Que o acaso de sermos justifique,
Eis o que dói, talvez no coração.
Nel cuore, forse
Nel cuore, forse, o dici altrove:
Una ferita, squarciata dalla lama,
Dove va la vita, tanto sprecata.
Nella totale coscienza ci fa brandelli.
Il desiderare, il volere, il non bastare
Sbagliata ricerca della ragione
che il caso di essere giustifichi,
Ecco quello che duole, forse nel cuore.
Produzione, Ithaca©
Copertina: il quadro in acrilico è della pittrice Concha Flores Vay. Alcune sue opere si possono visionare in questo sito: http://c-f-vay.artelista.com/
José de Souza Saramago nasceu em 1922, em Portugal. Escritor, poeta e crítico literário. Prêmio nobel em literatura em 1998.
RispondiEliminaO reconhecimento a nível internacional chegou somente nos anos noventa com História do cerco de Lisboa,uma das mais belas histórias de amor já escritas, o controverso Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a Cegueira. Em 1998, recebeu o prêmio Nobel em literatura. Do seu discurso na entrega do prêmio as seguintes palavras: “O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida, não sabia ler nem escrever”, disse, referindo-se a seu avô.
Saramago morreu no dia 18 de junho de 2010, na sua residência de Tías, Ilhas Canárias.
José de Sousa Saramago – nato nel 1922. Scrittore, poeta e critico letterario portoghese, premio Nobel per la letteratura nel 1998.
Il riconoscimento a livello internazionale arrivò solo negli anni novanta, con Storia dell'assedio di Lisbona, una delle più belle storie d'amore mai scritte, il controverso Il Vangelo secondo Gesù Cristo e Cecità. Nel 1998 gli venne assegnato il premio Nobel per la letteratura. Del discorso che tenne alla consegna del premio famoso è l'incipit: "l'uomo più saggio ch'io abbia mai conosciuto non era in grado né di leggere né di scrivere", disse riferendosi a suo nonno.
Saramago è morto il 18 giugno 2010 nella sua residenza di Tías, nelle Isole Canarie.